- Tens de voltar a fazer as tuas colagens! A ver se as voltas a vender.
Tudo porque ouviu da crise que aí vem, nas notícias. A mim, a crise não me diz nada. Não me arranjo preocupações com antecipação. E gostava às vezes de te explicar que nada, mas nada me convence que aquilo que faço agradará a outros. Sei, eu já sei que aquilo que fiz antes vendeu. Também sei que gostaram muito. Mas isso a mim não me chega, não me chega pois a minha insegurança de sempre, não me deixa acreditar nos factos. E não te digo isto, pois não quero que me vejas as brechas que ainda persistem em mim desde nova. Não quero que me descubras insegurança e com medo (ou medos). E mais, os dias de chuva ainda têm em mim aquele efeito de entristecer sem razão. Sempre foi assim. Se te contasse as viagens que fiz sem sair do lugar. Não irias querer saber, pois eram sempre lugares assustadoramente escuros. Deixa lá, escondo tudo isto! A imagem que passo é aquela que quero que todos vejam. Segura e forte.
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