Trouxe um recado na Caderneta. Disse-me a medo e pediu segredo ao pai.
O pai já soube e antecipei o raspanete. Disse-lhe o que já disse milhares de vezes. Disse-lhe que não se pode levantar, e não há desculpa para tal, mesmo que o Tomás tenha atirado o lápis dele ao chão. Expliquei que era falta de respeito para com a professora. Diz que não gosta da professora de história.
Conheço-lhe o espírito, e sei tão bem aquilo que gosta de estudar. Ciências, gosta de ciências. Não lhe interessa se a península ibérica tem uma forma geométrica qualquer, nem se os rios desaguam no mar, o que ele quer é que lhe expliquem como nasceu o mundo, como se formaram os mares. Infelizmente, nem tudo o que quer lhe é dado. É assim o mundo em que vivemos. E quando não lhe interessa viaja para longe, tão longe que se esquece que está na sala de aulas. Perde-se. Já lhe pedi tantas vezes para ficar mais vezes junto de nós. Tem um espírito viajante e hoje, com 9 anos quase 10, ainda me povoa os dias com dezenas de perguntas para as quais não tenho resposta. É muito difícil ás vezes fazê-lo descer à terra.
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